REDAÇÃO DO JORNAL DA MÍDIA
A greve dos professores da rede estadual de ensino completa
esta semana inacreditáveis dois meses. E o que é pior: sem qualquer sinal de
acordo. De um lado, os trabalhadores incansáveis, coesos, unidos, apesar do
maltrato, da falta de dinheiro, da luz cortada, da fome. Do lado do governo, o descaso, o desleixo, um governador de
uma frieza espantosa, um secretário de Educação incapaz de se fazer ouvir e ser
notado numa crise desse porte. No meio de tudo isso, uma Justiça patética, que
manda, todo mundo ouve e ninguém obedece, e um milhão de sofridos estudantes
com o ano letivo comprometido. Se a educação pública da Bahia já era um horror,
com esta paralisação mergulhou definitivamente no fundo do poço.
Jaques Wagner – o governador campeão
de viagens internacionais, conforme matéria publicada na semana passada pelo
jornal O Globo – nega ter firmado qualquer acordo com os professores para
concessão de um aumento de 22,22% à categoria. É mesmo, governador? Quer dizer
então que os 50 mil profissionais de educação - a maioria absoluta gente séria
e do bem – de norte a sul da Bahia, de diferentes raças, credos e religiões,
resolveram se unir na mentira para enganar a opinião pública e prejudicar os
estudantes? É sério?
Apontar culpados ou inocentes a esta
altura do ano letivo nem vale mais a pena. Mas não podemos perder de vista uma
coisa: cabe ao governo – sim, ao governo – agir, tomar a iniciativa e resolver
o problema. Para isto foi eleito e é isso que a sociedade cobra e espera dele:
soluções para as crises.
É preciso negociar, ceder um pouco,
ter boa vontade, oferecer algum percentual de aumento, ter humildade,
reconhecer o erro ao assinar aquele documento prometendo o tal reajuste. Algum
mal nisso? Não, Nenhum. Isso é fazer política. Mas o que faz Wagner? Empurra o
problema com a barriga. Pior: atropela a sua brilhante história de líder
sindical.
Intransigente, o governador mandou cortar os salários dos professores. O plano era a seguinte: sem dinheiro, os professores não teriam como comprar, consumir, pagar as contas em dia. Logo ficariam famintos. Desesperados, cederiam e voltariam ao trabalho mansinhos, mansinhos.
Intransigente, o governador mandou cortar os salários dos professores. O plano era a seguinte: sem dinheiro, os professores não teriam como comprar, consumir, pagar as contas em dia. Logo ficariam famintos. Desesperados, cederiam e voltariam ao trabalho mansinhos, mansinhos.
Parece piada, mas é verdade: o
governo baiano do Partido dos Trabalhadores aposta na fome dos professores –
isso mesmo, na fome, no que há de mais perverso e horroroso na vida humana –
para acabar com o movimento grevista. Inacreditável.
O governo só não contava com a
resistência dos professores. Eles não recuam. Chega a ser comovente. E olha que
tem muitos trabalhadores passando fome, como queria o governo, com contas
atrasadas, vivendo de favor, pedindo dinheiro emprestado a agiotas, se
endividando em bancos, deprimidos. Mas não abrem mão do que consideram justo e
legítimo. Resultado: os estudantes, pais de alunos e a maioria absoluta da
população simpatizam com o movimento.
E o governo? Ficou sozinho nessa, isolado, constrangido. E os deputados e senadores da esquerda, aliados de Wagner? Que papelão, hein? Um vexame.
E o governo? Ficou sozinho nessa, isolado, constrangido. E os deputados e senadores da esquerda, aliados de Wagner? Que papelão, hein? Um vexame.
Governador, cortar o ponto pode até
ser legal juridicamente, mas numa greve como essa é imoral, indecente e
vergonhoso. É golpe baixo, baixíssimo. O PT baiano maltrata, sem dó nem
piedade, o seu maior ativo: o apoio e a cumplicidade do movimento sindical.
Pobres trabalhadores.
Pobre Bahia. Depois de sofrer durante
anos com as malvadezas de ACM agora pena com as perversidades do galego. Em comum entre eles
só a cabeça branca. Mas só isso, viu? O governo atual mergulhou na
mediocridade. Seu legado é sofrível, pífio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário